30 de julho de 2010

AS MULHERES DÃO O EXEMPLO

Em São Paulo, certa vez um aluno de um seminário pentecostal, perguntou ao professor sobre o papel da mulher na Igreja, ao que ele respondeu curto e grosso: “Na Igreja, calada e sentada no último banco”. A esse professor, o Dr. Harvey Cox, sociólogo, profundo estudioso do avivamento em todo o mundo, em seu livro “Fogo do Céu”, responde: “É impossível pensar em pentecostalismo sem as mulheres”. O grande fundador do pentecostalismo, William Seymour, foi tocado por Deus através de uma jovem, Lucy Farrow; foi recomendado por uma segunda mulher, Nelly Terry, a uma terceira, a evangelista Hutchins, que na verdade lhe providenciou um lugar para exercitar seu chamado. Da evangelista Hutchins à senhora Aimee Semple McPherson (fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular) à grande evangelista dos anos 60, Kathryn Kuhlmann, as mulheres têm combinado a desempenhar um lugar proeminente no movimento pentecostal. O pastor David Yongi Cho disse: “Se existir um campo missionário muito difícil, mas muito difícil, envie uma mulher”. “Quanto mais difícil e perigosa a tarefa, maior o número de mulheres em proporção aos homens” (Herbert Kane).

Apesar da oposição de algumas igrejas e lideranças masculinas em reconhecer-lhes o chamado divino, as mulheres nunca recuaram diante do tratamento desigual: quando eram barradas do púlpito, pregavam nas ruas; quando eram rejeitadas na ordenação, tornavam-se missionárias e iam para onde os homens preferiam não ir. Tornaram-se professoras, escritoras, editoras, mulheres de oração pelos enfermos, realizando, como Jesus, milagres e prodígios. Em alguns casos, continua faltando à mulher a oportunidade de exercer o ministério em sua igreja local.

Catherine Booth

No século XIX, Catherine Booth, esposa de William Booth e co-fundadora do Exército da Salvação, escreveu: “Oh! Como seria bom que os ministros da religião pesquisassem os registros originais da Palavra de Deus, a fim de descobrir se Deus realmente pretendeu que a mulher sepultasse seus dons e talentos, como o faz agora, com referência aos interesses de sua Igreja”.

Lottie Moon

Missionária que viveu entre 1840 e 1912. Era, carinhosamente, chamada de “Santa Padroeira das Missões Batistas do Sul”, missionária na China durante 39 anos. A historiadora Ruth Tucker afirma que Lottie, ao morrer “se tornara para as mulheres batistas do Sul um símbolo do que elas mesmas gostariam de fazer para Deus. Um exemplo brilhante da feminilidade cristã e da igualdade sexual”. Essa mulher de fibra, após enfrentar obstáculos por falta de homens no campo missionário, certa vez clamou por “mulheres fortes e vigorosas” para encher as fileiras deixadas vazias pelos homens. A exemplo da Missão Metodista, teve que pedir o reforço feminino para resgatar o programa missionário no estrangeiro.

Amy Carmichael

Missionária presbiteriana (1867 – 1951) do Reino Unido, atuou durante vinte e cinco anos na Índia, fundadora da Associação Dohnavur, para resgatar crianças da prostituição dos templos hindus. “Dá-me o amor que me guie os passos, a fé que não se deixe abalar por nada, a esperança que não se canse com nenhuma decepção, a paixão que queime como fogo; não me deixes afundar e me transformar em barro: faze-me teu combustível, uma chama de Deus”.

Gladys Aylward

Foi missionária por muitos anos na China (século XX). Pregadora do Evangelho, salvou 100 crianças da guerra. Tornou-se uma celebridade. No entanto, ela mesma disse: “Eu não fui a primeira opção de Deus para o que fiz pela China. Havia outra pessoa... Não sei quem era a primeira escolha de Deus. Deve ter sido um homem – alguém maravilhoso. Um homem bem educado. Não sei o que houve. Talvez ele tivesse morrido. Talvez não se mostrasse disposto. E Deus olhou para baixo... e viu Gladys Aylward”.

Aimee Semple McPherson

Ao morrer, com 55 anos de idade, 21 de ministério, ela havia vivido o suficiente para fundar uma das mais importantes denominações pentecostais do mundo – a Igreja do Evangelho Quadrangular. Sua denominação tinha 410 igrejas em toda a América do Norte, com cerca de 20 mil membros. Hoje tem mais de 25 mil igrejas afiliadas e cerca de 2 milhões de membros em mais de 70 países do mundo. A irmã Aimee, certamente, deve ter feito alguma coisa certa. Essas e outras heroínas ainda não foram suficientes para obter o reconhecimento do chamado da mulher para expandir o Reino de Deus.

Lídia Almeida de Menezes

Fundadora e diretora do Instituto Bíblico Betel Brasileiro. Esse ministério conta com 68 igrejas no Brasil (1997), com missionários em várias partes do mundo e com cinco seminários em diferentes Estados do Brasil.

Outras mulheres

Lucy Farrow levou a Palavra de Deus à região de Norfolk (Virgínia), a caminho da África. Marie Burgess, juntamente com alguns cooperadores, fundou uma missão em Nova York. Florence Crawford levou o movimento pentecostal para Oakland, Portland e Seattle; era uma eloqüente pregadora. Maria Woodworth-Etter pregou em muitas cruzadas de avivamento em Dallas, em Chicago e em várias reservas indígenas dos Estados Unidos.

As mulheres da Igreja

Na Itália as mulheres constituem uma sensível maioria. Segundo relatórios o país tem um dos movimentos de mulheres mais energéticos no mundo dentro das igrejas, embora a maioria da sua liderança esteja com os homens.

Na Igreja brasileira, as mulheres, para poderem exercer seu chamado e, ao mesmo tempo, vencer uma cultura que valoriza mais o ministério masculino, tomam o nome de missionárias, uma mera questão de nomenclatura. 80% da força missionária brasileira é composta por mulheres. De acordo com pesquisas da SEPAL, 7% das força missionária são de homens solteiros, 22% de mulheres solteiras e 36% de mulheres casadas. De acordo com a Missão Novas Tribos, em 470 missionários, 70 são mulheres solteiras – numa média de 10 mulheres para um homem.

Que a Igreja brasileira desenvolva uma teologia brasileira, para saber até que ponto estamos refletindo a cultura e até que ponto estamos dispostos a desafiar essa cultura. Que o ministério de missionária tenha o mesmo status de uma ordenação ministérial na Igreja. Que sejam abertas às mulheres as oportunidades de falar em conferências e simpósios.

(Sílvia Geruza Fernandes Rodrigues – Raio de Luz)

27 de julho de 2010

O CRESCIMENTO CRISTÃO NA HISTÓRIA

Conheça em números avanço do Cristianismo do primeiro século da Era Cristã até nossos dias

Sobre os dados do crescimento do número de cristãos durante a História, é preciso destacar inicialmente que, em alguns anos mais remotos, os dados são aproximados, mas mesmo assim são, muito provavelmente, bem próximos da realidade.

No final do primeiro século da Era Cristã, havia meio milhão de cristãos no mundo. No final do segundo século, esse número já subira já era 2 milhões. No terceiro século, 5 milhões; e no quarto século, quando o Cristianismo se tornou religião oficial do Império Romano, o número de cristãos já alcançara a impressionante marca de 10 milhões, apesar do assassinato de dezenas de milhares de cristãos nos primeiros séculos da história da Igreja.

No quinto século, estima-se que havia 15 milhões de cristãos no mundo. No sexto e no sétimo séculos, eram respectivamente 20 milhões e 24 milhões. No oitavo século, eram aproximadamente 30 milhões. Nos séculos seguintes, houve um “boom” no crescimento do Cristianismo. No nono século, 40 milhões de cristãos e no décimo, 50 milhões.

No ano 1000, a população mundial era de cerca de 250 milhões, dos quais 50 milhões (20%) de cristãos, concentrados na Europa. No décimo primeiro século, os cristãos eram 70 milhões. No décimo segundo, 80 milhões. No décimo terceiro, caiu para 75 milhões. No décimo quarto século, voltou a 80 milhões. No décimo quinto século, quando a população mundial já era de 400 milhões, havia aproximadamente 100 milhões de cristãos no mundo; ou seja, 25% da população mundial era de cristãos.

A partir do ano 1500, manifesta-se uma aceleração no crescimento da população mundial, provocada pelos progressos da higiene e da Medicina. Em 1600, havia 580 milhões de pessoas no mundo, dos quais 125 milhões de cristãos. Em 1700, 770 milhões, dos quais 155 milhões de cristãos. Em 1800, havia 900 milhões de pessoas no planeta, dentre elas 200 milhões de cristãos. O primeiro bilhão no crescimento populacional no mundo é superado por volta de 1820 e o segundo, meio século mais tarde, aproximadamente em 1925. Em 1900, havia 400 milhões de cristãos no mundo.

A partir de 1950, houve uma verdadeira explosão no crescimento populacional mundial. O terceiro bilhão é atingido depois de 35 anos, em 1960; o quarto, 15 anos mais tarde, em 1975; e o quinto, após 12 anos, em 1987.

Em 2009, éramos aproximadamente 6,7 bilhões de pessoas no mundo, dentre as quais 2,2 bilhões de cristãos, 1,4 bilhão de muçulmanos, 888 milhões de hindus, 391 milhões de budistas e 15 milhões de judeus. E destes 2,2 bilhões de cristãos, há 1,13 bilhão de católicos romanos, 806 milhões de protestantes de várias matizes e 253 milhões de ortodoxos.

http://www.cpadnews.com.br/

23 de julho de 2010

170 MIL CONVERSÕES POR DIA E 175 MIL MÁRTIRES POR ANO

170 mil conversões por dia e 175 mil mártires cristãos por ano em todo o mundo

Quase todos os anos, são divulgadas pesquisas atualizadas sobre as religiões do mundo, trazendo dados estatísticos curiosos. Porém, dentre as pesquisas divulgadas nos últimos anos, a que chama mais a atenção é a do International Bulletin of Missionary Research (IBMR). A instituição norte-americana, que mantém uma revista mensal apenas para assinantes e colaboradores, divulgou recentemente que, dos 6,7 bilhões de pessoas no mundo em 2008, 2,2 bilhões são cristãos (aqui, como na maioria das pesquisas, somam católicos romanos com ortodoxos e protestantes de várias matizes), 1,4 bilhão são muçulmanos, 888 milhões são hindus, 391 milhões são budistas e 15 milhões são judeus. De acordo com esse censo, há 1,13 bilhão de católicos romanos, 806 milhões de protestantes de várias matizes e 253 milhões de ortodoxos.

Informações ainda mais interessantes surgem quando o IBMR apresenta os dados detalhados do Cristianismo no mundo. Trata-se de uma fotografia quase perfeita de como anda a fé cristã em nosso planeta.

Número de convertidos e desviados por dia

Um dos dados interessantes do International Bulletin of Missionary Research diz respeito ao número total de convertidos e desviados todos os dias no mundo em relação a todos os segmentos denominados cristãos.

De acordo com o IBMR, cerca de 170 mil pessoas se convertem todo dia ao Cristianismo no mundo, mas, em contrapartida, todos os dias 91 mil cristãos se desviam, o que significa que há um acréscimo real diário de 79 mil novos cristãos em todo o mundo.

Ou seja, 53% dos que se convertem ao Cristianismo todos os dias no mundo se desviam. Apenas 47% permanecem. Claro que há razões, peculiaridades e contextos variados dentro desse número de desviados por dia, mas esse dado não deixa de enfatizar a necessidade de as igrejas investirem mais em discipulado.

Cabe a cada um de nós, que formamos a Igreja, o Corpo de Cristo, fazer a nossa parte com afinco. “Erguei os vossos olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa”, João 4.35.

Frequência aos cultos e número de mártires cristãos

Mais duas informações interessantes da pesquisa do IBMR dizem respeito à frequência à igreja dos cristãos e ao número de mártires do Cristianismo no mundo atualmente.

Segundo o levantamento do IBMR, dos 2,2 bilhões de cristãos no mundo, apenas 1,5 bilhão são cristãos que vão regularmente à igreja. Isto é, 700 milhões não vão à igreja ou quase não vão, o que significa que 33% dos cristãos do planeta são nominais.

Ainda segundo a IBMR, há 39 mil denominações cristãs hoje no mundo, com 3,7 milhões de congregações.

Quanto aos mártires, a IBMR afirma que o número de mártires cristãos chega a 175 mil por ano. Isso significa que em nenhuma outra época da História da Humanidade morreram mais cristãos por causa da sua fé do que agora. Nem na época da perseguição à Igreja Primitiva por parte do Império Romano havia tantas mortes de cristãos assim como vemos hoje. São 480 novos mártires por dia em todo o planeta. Homens, mulheres e jovens que pagam com a vida pelo “crime” de seguirem a Cristo.

(www.cpadnews.com.br)

20 de julho de 2010

MISSIONÁRIOS EVANGÉLICOS NO BUTÃO

Conhecemos o Butão, pelos meios de comunicação, como o país da felicidade. No entanto, é a sétima nação em perseguição aos cristãos (Missão Portas Abertas). A realidade dessa felicidade é outra.

Os direitos civis no Butão estão erodindo rapidamente. Recentemente o governo começou a impor barreiras para a realização de cultos em algumas congregações. Isso fez com que pelo menos duas igrejas filiadas à Gospel for Asia (GFA) fechassem temporariamente as portas.


Correspondentes no Butão relatam que o governo planeja promulgar leis para restringir a prática do cristianismo no país.

Os missionários da GFA, Satyamurty Paro e Ramita Kinley, relataram que estão prestes a perder o prédio onde fica uma igreja com 120 membros.

O governo notificou os missionários de que a igreja, construída por eles mesmos, deve ser demolida. Enquanto isso, o governo impediu que os cultos sejam realizados no local.

Pela lei do Butão, é ilegal tentar converter pessoas das duas religiões predominantes – o budismo e o hinduísmo. Apesar disso, os missionários propagam a mensagem de Cristo cuidadosamente em uma vila em particular, onde até então havia pouca interferência.

Quando os oficiais do governo foram informados, começou a perseguição. No momento a igreja está vazia e os cristãos estão orando para que o governo não cumpra com a promessa de demolir o prédio.

Algo semelhante também foi relatado em outra área, onde o governo proibiu os cultos de uma igreja com 80 membros. O missionário da GFA, Amil Singye, planejava realizar o batismo de nove cristãos em meados de julho, mas diante da atual situação, não tem certeza se levará adiante ou dará um tempo.

Saiba mais sobre o Butão

O Butão é um pequeno país entre a China e a Índia. O governo informa que a população é de 675 mil pessoas, mas estimativas extra-oficiais dão conta de que chegue a 1,2 milhões.

Os cidadãos butaneses que decidem escolher a Cristo podem perder a cidadania ou até serem expulsos do país.

O país vive um processo de transição da monarquia para um governo democrático. Pelo menos 1% se dizem cristãos, mas o sentimento anticristão está crescendo rapidamente. O budismo é a religião oficial, mas as tradicionais religiões ao redor da Índia também têm uma forte presença.

Interceda pelos irmãos

Líderes da GFA pedem que oremos pela proteção destes pastores, missionários e cristãos do Butão, para que tenham força e sabedoria diante desta forte oposição e perseguição das autoridades.

Ore também para que autoridades do governo venham para Cristo e que sejam sensibilizados a não destruir as igrejas já construídas com tanto esforço.

Tradução: Tsuli Narimatsu
Fonte: Gospel for Asia
www.portasabertas.org.br

Foto: http://eideguimaraes.wordpress.com

16 de julho de 2010

FUMAÇA DE MIL VILAS

David Livingstone foi talvez o missionário mais famoso na história da África. Foi despertado ao ouvir uma mensagem missionária, proferida por Robert Moffat, em 1839. Nessa ocasião Moffat falara: “Durante muitas manhãs tenho permanecido na varanda de minha casa, olhando para o norte, vendo a fumaça subir das vilas que nunca ouviram falar de Jesus Cristo! Tenho visto, muitas vezes, a fumaça de mil vilas, onde o povo vive sem Deus, sem Cristo, sem esperança no mundo! A fumaça de mil vilas! A fumaça de mil vilas!” Essas palavras inquietaram David toda a noite. Entregou-se então, à tarefa de levar as boas novas até às florestas desconhecidas da África. Livingstone casou-se, mais tarde, com a filha de Roberto Moffat. Passou longos anos no continente negro, ausente durante muito tempo da esposa e dos filhos, que tinham ficado na Inglaterra para a educação dos últimos. Finalmente, depois de uma longa e útil existência, morreu ajoelhado numa choupana africana.

9 de julho de 2010

A PRIORIDADE DO EVANGELISMO

Robert E. Coleman

Um grupo de turistas estava sendo conduzido pelas instalações da famosa igreja londrina, Westminster Abbey, quando uma velhinha interrompeu o guia.

“Meu jovem! meu jovem! Será que você poderia parar de falar por um instante para responder a uma pergunta? Diga-me, alguma alma foi salva aqui ultimamente?”

Houve, então, um silêncio total enquanto o grupo, estarrecido e constrangido, ponderou a pergunta. Almas salvas em Westminster Abbey? E por que não? Não é essa a tarefa primordial da Igreja?

Mas, hoje, há tantas exigências e cobranças que é fácil ficar com as prioridades fora de ordem. É por isso que a igreja precisa se lembrar de que é Corpo de Cristo, e como Corpo dele na terra somos chamados para viver no seu Corpo como ele vivia. Logo, o evangelismo se torna o propósito primordial num grupo de crentes bem coordenado, porque foi o propósito primordial do Corpo do Senhor – a única razão por que o eterno Filho se despiu das vestimentas da glória e assumiu a forma de nossa carne.

Devido à nossa insensibilidade em relação a esse fato, chegamos a reproduzir a cegueira da gente religiosa que presenciou o ato do Calvário. Eles zombaram de Cristo por não descer da cruz para se salvar (Mc 15.31). O que aqueles egoístas mundanos não entenderam é que Jesus não veio para se salvar, mas, sim, para nos salvar. Ele “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45). Ele veio para “buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10).

Qualquer igreja que estiver vivendo na plenitude do Espírito Santo reconhecerá essa prioridade de Jesus e se dedicará ativamente a ganhar os perdidos. A experiência da igreja no Pentecostes deixa bem claro esse fato. Reconhecemos que a paixão pelas almas é um dos frutos do avivamento, mas cremos também que esse amor aumenta na medida em que nos envolvemos no trabalho. Uma igreja que não sai ao mundo para anunciar o evangelho de Cristo não reconheceria o avivamento se ele viesse.

O evangelismo, então, pode ser visto como uma espécie de termômetro do Corpo de Cristo. Quando a igreja está enferma, o programa de evangelismo costuma ser o primeiro a sofrer. As tradições e o orgulho fazem com que qualquer outro programa continue, mesmo depois que sua razão de ser é esquecida. Mas é preciso entender que qualquer atividade, que não esteja expressando o amor do Salvador pelos perdidos, está completamente fora de sintonia com o evangelho. É trágica a situação quando a preocupação com fraternidade, melhoramentos comunitários, destaque intelectual, bem-estar social ou qualquer outra causa secundária torna-se a paixão controladora da vida da igreja.

Essa confusão de prioridades é, sem dúvida, um dos problemas que mais causam perplexidade na comunidade cristã. Não é fácil manter as coisas mais importantes nos lugares mais importantes na igreja, mas é mais difícil ainda enfrentar as conseqüências de não fazê-lo. A verdade cruel é que quando o evangelismo é colocado numa posição de pouca importância no programa da igreja, esta começa a morrer. E se algo não acontecer para reverter essa tendência, a igreja deixará de existir. A igreja somente pode continuar na medida em que o povo de Deus, pelo seu Espírito, reproduz a sua vida em cada geração.

Essa reprodução não é produto do acaso. Precisamos mirar o alvo para acertá-lo. A ideia sentimental de que é só viver uma vida boa e o evangelismo cuidará de si, tem uma capacidade enorme de nos tornar passivos. Por outro lado, um constante redemoinho de atividades na igreja não garante que as pessoas estão se convertendo. Podemos encher os templos aos domingos, podemos realizar grandes construções, aumentar grandemente as receitas da igreja, gastar muita energia em muitas coisas boas, mas o evangelismo ainda pode estar faltando. O compromisso de tornar Cristo conhecido e amado precisa permanecer firme em nossa vida. Esse compromisso precisa permear a vida do Corpo de Cristo e a vida de cada membro do Corpo.

John Vasser foi um homem excêntrico, mas bondoso, que aproveitava todas as oportunidades possíveis para falar de Cristo. Um dia, no saguão de um hotel onde aguardava a chegada de um amigo, ele começou a conversar com uma mulher da alta sociedade, falando-lhe das coisas do Senhor. Ela ficou impressionada com a ousadia que o servo do Senhor usou na sua abordagem do evangelho. De repente, chegou o homem que o Sr. Vasser aguardava, e ele teve de ir embora.

Logo em seguida, chegou o marido daquela senhora, e ela relatou:

– Apareceu um senhor idoso me falando de religião.

– Eu teria dito logo para ele ir cuidar dos negócios dele, disse o marido.

– Ah, respondeu ela, se você tivesse ouvido o homem, teria dito que ele estava cuidando dos seus negócios.

Não deveria ser esse o negócio de todos nós? Não estou dizendo que devemos usar a mesma abordagem que John Vasser usou, ou a que qualquer outra pessoa usa. Mas essa compulsão de espalhar o evangelho deve marcar também a nossa vida. Somos a igreja de Cristo e como ele foi enviado pelo Pai a este mundo, assim nos envia a nós.

Quando o amor de Cristo nos constranger e quando buscarmos em primeiro lugar o seu reino, guardaremos as suas prioridades.

Robert E. Coleman é professor emérito de Evangelismo na Trinity Evangelical Divinity School, em Deerfield, e diretor do Instituto de Evangelismo Billy Graham, em Wheaton.

(Revista Mensagem da Cruz, julho a setembro de 2009)

2 de julho de 2010

ALÉM DE SUAS POSSES

Leia esta história!

Corria o mês de março de 1968. Do porto de Manaus, singrando as águas do rio Negro, afluente do Amazonas, saía uma embarcação a motor, rebocando um pequeno barco de madeira, sem nenhuma cobertura, levando Francisco da Silva Miranda, a esposa e três filhos, todos menores.


Cheio de fé e esperança na proteção de Jesus, Francisco saía da capital do Amazonas em direção a um mundo insondável de águas e florestas virgens, levando no bolso apenas 20 centavos e todos os bens disponíveis: um pequeno bote de madeira sem cobertura, um pequeno motor de moer mandioca, que ele pensava poder adaptar ao barco, algumas redes usadas, pratos de ágata e colheres, um terçado (facão usado na região para cortar mato), uma velha Bíblia, sua maior riqueza, e uma vontade indômita de anunciar o Evangelho em regiões mais distantes.


O campo de Pauinin, na boca do Acre, quase extremo norte do Amazonas, era o destino do obreiro. Francisco tinha uma idéia real da jornada, das distâncias e dos perigos que lhe esperavam. Ele agia pela fé no seu Mestre e Senhor, com desejo de servi-Lo por amor.


Saindo de Manaus, o barquinho que levava a família de Francisco foi puxado durante 12 dias até chegar a Tapauá, em pleno rio Purus. Aí começava a faltar alimento, não havia combustível, nem dinheiro. Dali em diante, Francisco teria de ir só. Precisava de dinheiro. Lançou mão do remo e penetrou no rio do Sol, pequeno rio do Amazonas, e após 15 dias parou junto a uma palafita abandonada. Refez a cabana com ajuda da esposa e ali se abrigou. A família passou a se alimentar da caça. Francisco planejava conseguir sova (espécie de borracha) na região para então vender no Regatão (espécie de barca que percorre o Amazonas vendendo e comprando de tudo) e, com o dinheiro, prosseguir viagem.


Certa noite, Josué, o filho menor, começou a inquietar-se passando mal. Não havia remédios, nem para quem apelar; estavam em plena selva e longe da civilização. Francisco lembrou-se dos parentes, da Igreja, dos irmãos na fé, e, enquanto seu espírito voava distante, de seus olhos rolavam duas grossas lágrimas. Contemplou o céu e orou: "Senhor, tem cuidado de nós". No terceiro dia, Josué começou a ficar quieto e no quarto dia faleceu.


A morte de Josué abalou profundamente o obreiro do Senhor, o qual não imaginava aquela situação. A surpresa foi muito dolorosa. Na pequena sala da palafita, assentados no chão, sua esposa e suas duas filhas choravam, e no centro da sala uma rede, onde Josué permanecia morto. Para construir um caixão para o sepultamento do menino, arrancou as duas tábuas superiores do barco, desentortou os pregos e com o terçado fez um tosco caixão. Josué foi sepultado na terra úmida da floresta amazônica, que mais úmida ficou com as lágrimas dos discípulos de Jesus.


No rio do Sol, novamente se viu um pequeno barco a remo coberto de palha, que se afastava vagarosamente. Era o obreiro de Jesus, no cumprimento da missão: Ide! E, ao longe, junto a uma cabana de palha, uma pequena elevação de terra fresca, sem relva, a sepultura de Josué. Ao sair disse: "Nosso filho vai ficar aqui".


Finalmente chegou a Tapauá, onde havia um lugarejo. Era um lugar de má fama, onde nenhum obreiro pregava o Evangelho. Porém Francisco decidira no seu coração que iria deixar a mensagem da Bíblia ali. Falou com o delegado do local e certa noite tinha um bom auditório. Falou de Jesus e do seu amor e, ao fazer o apelo para decisão, o delegado foi o primeiro a se apresentar. Aquela noite foi de grande conforto para Francisco, pois o Senhor agora começava a lhe dar outros filhos.


Em Tapauá, Franciso adaptou o motor de moer mandioca que levava no barco, vendeu a sova que tirou da mata no rio do sol, conseguiu algum dinheiro, comprou mantimentos, gasolina e seguiu viagem novamente. Apesar da tristeza pela morte do filho, era preciso continuar a entregar a mensagem.


Em Lébrea, ficou sem combustível e sem mantimentos. Trabalhou como ajudante de pedreiro e conseguiu ser rebocado durante 12 dias em pleno rio Purus, período em que foi alimentado por ordem do comandante do barco que o rebocara, o qual até a luz colocara no seu pequeno barco. Ao chegar à entrada do rio Pauinim, o comandante lhe deu três latas de gasolina e uma de óleo, além de mantimentos.


Agora começava a etapa mais difícil. O Pauinim a certa altura não permitia navegação e Francisco teve de carregar o bote por longos trechos, até chegar onde a navegação podia ser reiniciada. Deste modo navegou 60 dias, até chegar a Reforma. Era o fim da jornada, completando 228 dias de viagem, vencendo rios, florestas, fome, lágrimas e morte, tudo por amor de Jesus.


No campo de Pauinim existiam 15 crentes em Jesus. Francisco os reuniu e começou a trabalhar; visitou a todos, fez reuniões, incentivando-os a evangelizar, e começou a penetrar cada vez mais longe nos seringais e na selva, até que chegou aonde a floresta densa fechava e não permitia mais a passagem do bote. Após um ano, de oito meses de evangelização, Jesus havia salvo 223 almas. Parte da missão estava cumprida.


É nesta região insondável, que os obreiros da Assembléia de Deus têm, com a ajuda do Espírito Santo, edificado mais de 100 congregações evangélicas e têm se oferecido em sacrifício vivo e atual, para cumprirem a ordem de Jesus de ir fazer discípulos.

(Revista A Bíblia no Brasil, número 131 - 1984).