24 de janeiro de 2011

MANTENHA FIRME SEU CHAMADO EVANGELÍSTICO

Considere que Jesus o está mantendo firme neste chamado. Nosso chamado divino, como pastores ou crentes individualmente, precisa ser uma grande rocha em cima da qual nós descansamos, especialmente se você está tendo o chamado de tempo integral. A nossa chamada original para esse ministério, leva-nos a nos agarrarmos a ele na força de Cristo, mesmo que estejamos inundados em desencorajamento, mesmo ao pensar que o nosso ministério já acabou, mesmo quando tudo rolou de morro abaixo. O que fez João ao ser banido para a ilha de Patmos? Ele estava ficando velho, parecia que seu ministério havia acabado. Será que ele desistiu de tudo? Não, ele se refugiou em Cristo que anda entre os castiçais de ouro da Igreja, que segura as estrelas na Sua mão direita. Você sabe que estrelas são essas? São servos de Deus. João recebeu sua força, porque creu que Jesus segurava firme o seu chamado, mesmo havendo sido banido, e porque olhava para Jesus que também o segurou firme na Sua mão.

Quando Deus nos chama para o ministério de tempo integral, Ele dá-nos a graça para continuar nos mantendo fiéis a Ele e à Sua Palavra. Mas a nossa força para fazer isso descansa no Seu Filho Jesus Cristo. Quero lembrar-lhes que nós não somos responsáveis por falta de fruto no nosso ministério, porém somos responsáveis por negarmos a nós mesmos para que possamos render-nos e o nosso chamado ao serviço do nosso Senhor e Mestre, pois Ele é digno. Ele é digno de receber a nossa vida por inteiro. Você percebe que, quando vemos o nosso chamado nessa dimensão, também recebemos mais coragem para render o nosso trabalho também ao Senhor.


Martinho Lutero tinha um hábito de toda noite, nas suas orações, dizer algo mais ou menos assim: "Senhor, eu carreguei o fardo da Tua Igreja hoje e sei que és o Rei dela. O meu corpo cansado precisa de um pouco de sono, portanto quero rolar a Igreja, que é Tua, e entregá-la em Tuas mãos para, como Rei dela, guardá-la esta noite e permita-me descansar um pouco; amanhã pela manhã, volto a retomar o fardo". Não há mãos melhores para entregarmos a Igreja como um todo, do que as mãos do Senhor Jesus Cristo.

Fique encorajado porque você tem um chamado extraordinário. Meu pai costumava me dizer, quando eu era um adolescente: "Seu chamado para o ministério é o ofício mais importante do que a presidência dos Estados Unidos da América". É um chamado excelente, tremendo! Seja encorajado por isso: você nunca terá de acordar pela manhã e dizer que a vida não tem sentido. Você tem um grande propósito, você é marcado por Deus e por isso faça o trabalho dEle! Tome o seu chamado e use-o como seu alimento, a sua comida diária, da qual depende para viver. Se fizer isso, o Senhor vai acrescentar no tempo próprio, a sobremesa e a melhor comida para sua refeição. Fique contente em realizar esse trabalho. Já houve tempo em minha vida em que agarrar o meu chamado original em Jesus Cristo foi a única coisa que sobrou. Quando pensei que tudo era impossível e não podia prosseguir, vi que não podia abandonar aquela chamada porque era uma chamada vinda de Jesus Cristo. Assim, eu caí diante de Cristo como Ester caiu diante do rei Assuero, confessando que se perecesse, pereceria; mas eu não vou perecer, Senhor, e se perecer, perecerei no Teu serviço e a Teus pés. Se Tu me rejeitares, Tu és justo pois sou indigno e Tu és digno. Assim Senhor, eu prefiro morrer aos Teus pés e responder ao Teu chamado.

O Senhor nunca nos prometeu uma vida fácil mas nos prometeu uma vida abençoada. Posso afirmar que, se você se colocar aos pés do Senhor, como um servo em necessidade, pobre e quebrado, sem nada em você mesmo, suplicando, o Senhor não passará por cima do que pede. Ele vai usar você e todo o seu quebrantamento, em todo o seu esvaziamento. Segure firme o seu chamado porque Cristo o chamou.


(Joel R. Beeke - A Tocha dos Puritanos)

14 de janeiro de 2011

POR QUE IR PARA TÃO LONGE SE AQUI PERTO HÁ TANTA NECESSIDADE?

Por Jairo de Oliveira - 14/1/2010

Eis aí uma pergunta que, pelo menos uma vez, todo missionário transcultural já deve ter tido que responder.

Visitando diversas igrejas no Brasil e compartilhando a respeito do nosso ministério de proclamação da Palavra de Deus aos povos africanos, Vânia e eu temos ouvido esta pergunta com certa frequência.

Por alguma razão, pessoas se sentem desconfortáveis com a ideia de que um indivíduo abrace desafios num contexto distante, enquanto há a manifestação de desafios, em certo sentido, semelhantes em seu ambiente originário.

Normalmente, diante da apresentação desta pergunta, temos procurado responder tendo em mente as seguintes razões:

Porque é bíblico

A atitude de alguém que sai da terra natal para levar o evangelho a outras nações é, antes de tudo, sustentada, inspirada e ordenada pelas Escrituras.

O fato é que a Bíblia é essencialmente um livro missionário e como tal requer que o povo do caminho concentre seus esforços no anúncio da glória de Deus também entre aqueles que estão distantes.

Abraão foi o pioneiro a ter que deixar sua casa para se tornar bênção para as famílias da terra (Gn. 12.1-3), cumprindo assim os projetos missionários divinos. Depois dele, muitos outros personagens bíblicos seguiram seu rastro, tanto no Antigo como no Novo Testamento.

Sair da própria terra para levar o evangelho aos que estão distantes não se trata de uma proposta humana. Não é modismo, heroísmo ou tentativa de expansão religiosa. O trabalho missionário transcultural é vontade e propósito de Deus! A tarefa missionária da Igreja, antes de qualquer outra coisa, é bíblica.

Porque o Mestre mandou

O missionário vai aos lugares mais distantes do planeta a fim de anunciar o evangelho em obediência a Jesus. Não se trata prioritariamente de responder a desafios maiores ou menores dos encontrados em nossa pátria, mas de se submeter à ordem expressa de Jesus para anúncio do evangelho entre todas as nações.

Essa não é a única base do nosso envolvimento com missões (já que o assunto é bíblico e reafirmado em cada livro das Escrituras), mas é preciso reconhecer que o Mestre não sugeriu ou solicitou, Ele nos mandou fazer discípulos de todas as nações: “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mt. 28.19-20).

Aquele que nos mandou ir tem toda autoridade no céu e na Terra. Sendo assim, devemos nos submeter à sua autoridade obedecendo à sua convocação a fim de alcançarmos também os que estão distantes.

Por uma questão de exemplo

Quando olhamos para trás encontramos em toda a história bíblica e eclesiástica o exemplo de homens que cumpriram com obediência o chamado missionário divino. De fato, o evangelho chegou até nós porque esses valentes do passado compreenderam que a Igreja é a agência missionária de Deus para o mundo.

É saudável lembrarmos com frequência que foi por meio do desprendimento e da obediência dos missionários estrangeiros que o evangelho chegou ao nosso país. Eles saíram de suas terras deixando para trás desafios presentes em seu próprio contexto. Antes de desembarcarem no Brasil é possível que também tenham ouvido de seus compatriotas: “Por que ir tão longe se aqui por perto há tanta necessidade?” Não obstante, saíram com coragem e vieram nos trazer o evangelho.

Hoje, tendo sido alcançados com o evangelho, parece que o mínimo que podemos fazer é reproduzir o exemplo, assumindo esse mesmo tipo de iniciativa em relação aos demais povos.

Para impedir o avanço das trevas em outras partes do mundo

Os povos sem o testemunho do evangelho estão perdidos espiritualmente e vivendo na escuridão. Em contrapartida, as falsas religiões continuam avançando e em muitos casos gerando oposição e perseguição ao evangelho.

Há contextos onde a obra da cruz de Cristo ainda não é conhecida e uma das consequências é que de maneira explícita Satanás é tido como rei e permanece recebendo adoração que não lhe é devida.

É importante dizer que quando nos omitimos em pregar a Palavra de Deus, estamos fazendo com que gerações inteiras permaneçam na escuridão. Desta forma, não podemos permanecer indiferentes enquanto temos todas as condições para interferir nestes cenários e fazer com que as trevas sejam dissipadas.

Por uma questão de coerência

Recentemente me sentei com o meu pastor em seu gabinete e ao considerarmos a presença da igreja em nosso bairro, identificamos mais de vinte igrejas locais em uma única rua. Esse fato faz parte da realidade de outras ruas da cidade do Rio de Janeiro e também de muitas outras cidades do nosso país. A questão que vem à mente diante deste quadro é: “Se o acesso ao evangelho é tão abundante em nossas cidades, por que não compartilhá-lo com aqueles que ainda não o receberam?”

Se o evangelho é de fato boas-novas e há muitos que sequer tiveram acesso a ele, acredito que não podemos omitir aos outros tudo o que Cristo fez por nós. Se o fizermos seremos os mais insensíveis e os mais incoerentes de todos os homens, mesmo que não houvesse uma ordem tão explícita para pregarmos o evangelho ao mundo.

Será que é justo que alguns recebam do evangelho em abundância enquanto outros não têm sequer uma oportunidade? Foi em resposta a esse cenário que o apóstolo Paulo escreveu: “Deste modo esforçando-me por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm. 15.20).

Por uma questão de estratégia

Por mais incrível que pareça, existem povos que nunca ouviram o evangelho e precisam ser focalizados pela Igreja de Jesus Cristo a fim de serem evangelizados. Eles representam nações inteiras intocadas pelo trabalho de evangelização da Igreja e ignorantes da revelação especial de Deus. Eles somam milhões de pessoas que vivem em ignorância espiritual, mergulhados na idolatria e arraigados nas falsas religiões. São vítimas da fome, da pobreza, das doenças, das guerras e da impossibilidade de conhecerem a graça divina, revelada em Cristo Jesus.

Os povos não alcançados são aqueles que não possuem uma comunidade nativa de crentes em Cristo com números ou recursos adequados para evangelizar seu próprio grupo sem a ajuda de missionários transculturais. Eles representam uns 2,3 bilhões de pessoas com muito poucas possibilidades de ouvir e crer no evangelho de Cristo.

Considerando a tarefa inacabada do anúncio do evangelho entre todas as nações, o desafio que mais se destaca para a Igreja em nossa geração é exatamente anunciar o evangelho aos que ainda não ouviram.

Porque é um privilégio

Aquele que deixar o seu lar para seguir para terras distantes a fim de proclamar o evangelho é um mensageiro da paz e pode estar se tornando um pioneiro no trabalho de levar as boas novas de Cristo aos que ainda não ouviram.

Tenho enorme alegria em dizer que o maior investimento que fiz na minha vida foi dedicar a minha juventude no anúncio do evangelho (já se vão treze anos!). Pois a obra missionária é um grande privilégio para quem pode experimentá-la e investimento garantido para a eternidade, certa é recompensa.

Entendemos por meio da teologia bíblica que esse ministério não foi dado aos anjos, mas aos discípulos de Jesus. Portanto, trata-se de um grande privilégio que o Senhor tem reservado para nós.

“Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas" (Rm. 10.15).

Por todas estas razões, vale a pena alcançar aqueles que estão longe de nós!

Publicado na Revista Povos, número 10, dezembro de 2009.

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8 de janeiro de 2011

A MISSÃO DA IGREJA NO NOVO SÉCULO É CUMPRIR O IDE

A missão da igreja no novo século é cumprir o Ide de Jesus atenta às transformações do tempo

Quando estudamos sobre a missão da Igreja no mundo, observamos que é uma missão simples e gloriosa. O evangelista Marcos definiu bem o que Jesus falou sobre essa missão: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura”. O que entendemos nessa ordem é que a Igreja deverá ir por todo o mundo e existe uma finalidade para isso. Atingirmos o mundo tem como fim principal executarmos a propagação do Evangelho do Senhor Jesus. Não é um evangelho próprio, da forma que queremos pregar, é o Evangelho de Jesus. Sobre esse Evangelho, falou o apóstolo Paulo: “Porque não me envergonho do evangelho de Jesus Cristo, pois é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”, Rm 1.16. A missão da Igreja não mudou. Continua a mesma. Isso porque o Evangelho é o mesmo. O Evangelho de Jesus não muda, então a missão da Igreja também não muda.

Devemos ter cuidado é com os métodos de evangelismo, pois estes, sim, sofrem mudanças importantes de acordo com as mudanças dos tempos. Não podemos evangelizar nos dias de hoje como evangelizávamos 20 ou 30 anos atrás. Não dá certo. Os métodos deverão ser outros, senão não conseguiremos atingir os nossos objetivos com o nosso trabalho.

Estamos vivendo em um ponto decisivo da História. As mudanças em nossos dias são radicais e importantes. As coisas mudam com tanta rapidez que as únicas organizações que sobreviverão são aquelas cujo gerenciamento acompanhará as mudanças necessárias estabelecidas por este novo tempo.

Transformações

Com as mudanças dos tempos, está ocorrendo uma grande transformação em vários aspectos, que nos forçam mudar as estratégias no nosso campo de ação. Entre essas, destacaremos algumas:

1) Internacionalização – Devido às emergências da ideia global, a internacionalização facilita a comunicação. Em um só instante, descobrimos o que acontece em todo o mundo. Outro ponto importante da internacionalização é a migração de imensa quantidade de pessoas, que traz para a igreja uma série de implicações, e não só para a igreja, mas para a sociedade como um todo.

2) Urbanização – Segundo as estimativas, neste século, 50% da população mundial habitarão nas cidades, entre as quais 17 terão mais de dez milhões de habitantes, sendo sete delas no mundo mulçumano. A pobreza e a fome agora são maiores do que nunca na história da humanidade. Alguns sugerem que 900 milhões de pessoas serão pobres nesta época, 100 milhões das quais em pobreza absoluta. O desafio para o movimento missionário será tão esmagador que as missões terão de ser, por assim dizer, reinventadas. Se a Igreja deseja conquistar esta geração, precisa encontrar um jeito de manter apegada à verdade que mantém a nossa fé coesa, e ainda criar maneiras de responder às perguntas levantadas por uma geração esvaziada de conteúdo cristão. A demonstração de amor e do caráter transformador do Evangelho é a necessidade gritante desta hora.

3) Tecnologia – O mundo está sendo gerenciado pelo homem que usa a tecnologia como ferramenta de trabalho. O problema é quando o homem se deixa escravizar por ela. Não é muito fácil ser um cristão em uma era tecnológica, porque é necessário domínio próprio para não se deixar dominar por ela, pois o uso excessivo pode resultar numa imensa solidão. Hoje, se passa mais tempo com as máquinas do que com as pessoas. A comunicação é muito mais eletrônica, exigindo do homem um esforço para não se tornar impessoal e vazio. Veja o que diz a Bíblia em João 1.14: “O verbo se fez carne e habitou entre nós”. A Igreja é composta por aqueles que foram transformados. A vida congregacional é composta por gente que se relaciona com Deus e com as pessoas. Portanto, a Igreja televisiva e eletrônica não pode substituir a vida congregacional, porém pode ser usada como meio de divulgação do Evangelho e como uma segunda opção para aqueles temporariamente impossibilitados de chegarem à congregação.

4) Individualismo – Estamos vivendo uma época semelhante àquela por que passaram os israelitas na época dos juízes, em que cada um fazia o que era reto aos seus olhos, e veja que os resultados foram trágicos. Estamos repetindo o mesmo erro. Hoje, é cada um por si. Isso tem um refl exo direto na família. A família de hoje que não tem tempo para a comunicação pessoal, que não tem tempo para fazer as refeições junta, tem sido uma família fraca, sem base, sem raízes sólidas e, pior, muitas dessas famílias têm fracassado diante do individualismo, deixando de existir. A missão da Igreja junto às famílias é de uma importância tão grande que se não cuidarmos desse assunto, nossas igrejas também se tornarão vazias de afeto e relacionamento. Isso pode trazer uma derrocada moral, onde os bancos das nossas igrejas poderão se tornar testemunhas de pessoas cujas vidas estão distorcidas pelas consequências dos seus próprios pecados e pelas transgressões dos outros.

5) Qualidade de vida decrescente – Uma nova classe de pobres marginalizados no mundo de hoje é formada por mães solteiras, tornando maior a pobreza, e ninguém tem a solução para esse problema. Ainda convivemos com o aumento da violência, do crime, da instabilidade social, e o resultado é uma cultura pessimista. A moralidade decresce, o conflito aumenta, a solidão se intensifica, as famílias desintegram-se, o crime e a pobreza aumentam e a geração em formação tem poucas esperanças. Choro por dentro ao estudar essa matéria, pensando exatamente no que a Igreja deve fazer para minimizar essa situação que conta com uma demanda tão intensa. Que Deus nos ajude!

Crise

A nossa situação cultural de hoje representa uma crise, diante da qual levantemos duas questões cruciais:

1) De que forma realizamos a evangelização hoje em dia?

2) Como conseguimos transmitir o Evangelho a um mundo pós-moderno? Há uma grande diferença entre hoje e 100 anos atrás. Naquela época, as pessoas estavam adormecidas e não havia uma negação generalizada das verdades cristãs.

As pessoas estavam dependendo apenas de um toque que viesse despertá-las e incitá-las. Hoje, a fé em Deus praticamente desapareceu, o homem normal acredita que toda essa crença em Deus, na religião e na Salvação, esteve incubada na natureza humana por séculos. Já não é mais uma questão somente de imoralidade. A sociedade se tornou amoral. A própria categoria da moralidade não é reconhecida. Boa parte da sociedade não é apenas imoral; não existe moral.

Missão

Mais do que nunca, precisamos estar atentos para a forma de alcançarmos o mundo que está mergulhado num sistema cego e destruidor, e que mata rapidamente se não houver quem o resgate. Porém, não é de qualquer maneira que a Igreja vai conseguir isso. É mais difícil do que se pensa, não é apenas chegar e pregar; é ter consciência da responsabilidade que a Igreja tem e levar a sério essa realidade, seguindo passos importantes, dos quais sugiro alguns:

1) Não perder a identidade – O ponto inicial de fazer missões neste século é manter a identidade. Com o Evangelho fácil que tem chegado ao mundo nos dias de hoje, muitas igrejas estão iguais ao mundo. “Venham como estão e permaneçam do mesmo jeito”. Quando o mundo olhar para a Igreja e vê-la de forma igual a ele, a Igreja terá deixado de ser referência para ser mais uma organização igual às demais. A Igreja tem que ser diferente para manter a ordem no mundo; se ninguém consegue, a Igreja deverá conseguir. O mundo precisa urgentemente de mudanças principalmente na ordem espiritual, e a Igreja é a única referência.

Muitos líderes sem preocupação com as almas encenam uma “compaixão”, e fazem todo tipo de representação para conquistarem as pessoas, e até conseguem, mas o que observamos é que com a mesma rapidez que crescem, também acabam.

A Igreja de Cristo não veio para mudar a realidade do mundo, e deverá continuar assim até a Volta do Senhor. Estamos no mundo, mas não somos do mundo, somos diferentes e a nossa identidade não pode ser trocada. Custe o que custar, a Igreja precisa continuar sendo a referência.

2) Ter estratégias definidas – A forma de evangelização não é a mesma para todos os lugares. A Igreja precisa conhecer bem as culturas de onde ela pensa entrar. Cada lugar tem uma cultura diferente. Mesmo sendo próximos. A cultura diferencia um lugar do outro. As concentrações que fazíamos anos atrás já não estão mais funcionando em muitos lugares. Foi necessária a evangelização pessoal. E hoje, o homem tem se tornado solitário e demasiadamente ocupado, a ponto de encontrar-se com a família apenas uma vez por semana. A estratégiatem que mudar.

Devemos entrar nas faculdades, e para isso a Igreja necessita de mão de obra qualificada. Precisamos entrar nas Forças Armadas, e para isso a Igreja deve aproveitar bem os seus membros que ali se destacam. A Igreja deverá entrar na política, e para isso deverá preparar bem os seus representantes para que não envergonhem o Evangelho e sejam canais de salvação para os seus pares. E os menos favorecidos? A preocupação com eles é dobrada. Como evangelizar os pobres sem uma boa Secretaria de Ação Social? Haverá sempre necessitados conosco, a assistência social glorifica o nome de Jesus e mantém o trabalho da Igreja. Veja que, na hora de pregar, Jesus pregava; na ora de ensinar, Jesus ensinava; e na hora da necessidade, Jesus atendia, ainda que para isso tivesse que fazer milagre como foi o caso da multiplicação dos pães e peixes. Usemos de todas as formas corretas possíveis para conquistar o mundo.

3) Manter a união – Entendemos bem agora o porquê da recomendação do Salmo 133: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”. Não podemos trabalhar com a visão de cada um por si. É necessário trabalharmos em parceria. A Bíblia diz que um reino dividido não prospera. Devemos unir as nossas forças em prol da obra de Deus ou, ao contrário, estaremos fadados à derrota. Precisamos aprender a dialogar e compartilhar projetos, e assim aprender uns com os outros tanto nos acertos como também nos erros.

4) Manter a unção – O inimigo tem se levantado de uma forma muito terrível com o fim de se opor aos santos e destruir as pessoas antes que elas tenham um encontro com Jesus. E em alguns momentos ele tem conseguido êxito no que diz respeito a destruir pessoas, visto que ele veio para matar e destruir, como diz a Bíblia.

A única forma de neutralizá-lo é tomando os espaços e terrenos de que ele tem se apropriado, e isso não se consegue com mensagens frias e sem ousadia. Apesar de ser a favor de faculdades teológicas e defensor delas, digo: não devemos nos enganar, os cursos servem para um preparo melhor no âmbito teológico, mas não concedem poder para enfrentar o arquiinimigo da Obra de Deus. Existem muitas mensagens bonitas, recheadas de técnicas, fruto de anéis, diplomas e internet, porém vazias da unção, que é mais importante. A Igreja não pode abrir mão da unção de Deus, presente nesse importante trabalho.

5) Discipular – Quando o evangelista Lucas escreveu o livro dos Atos dos Apóstolos, logo no início ele relatou ao seu amigo Teófilo que havia escrito o primeiro tratado exatamente acerca daquilo que Jesus tinha feito e ensinado. O próprio Jesus recomendou pregar e ensinar. Os membros de nossas igrejas, e principalmente os nossos obreiros, precisam sempre de uma reciclagem e, para isso, os nossos líderes devem estar preocupados em fazer simpósios, palestras, encontros, capacitação etc. Não podemos mais perder tempo. O tempo chegou e é agora.Feliz a igreja que cumpre a sua missão com efi cácia e inteligência!

Aqui mesmo, no Brasil, em todas as nossas cidades, há um número maior de desviados do que de membros em nossas igrejas, e isso é uma prova de que alguns de nós estamos pregando muito e ensinando pouco. Preparemos, pois, o nosso povo para a batalha, dando-lhes as armas necessárias para o combate e preparando-os psicologicamente, moralmente e principalmente espiritualmente.

6) Conquistar – O apóstolo disse: “Fiz-me de tolo para ganhar os tolos e de sábio para ganhar os sábios”. Tudo o que a Igreja puder fazer para conquistar as almas para Cristo deve ser feito com urgência. O mundo espera pela Igreja, temos terreno a conquistar tanto em Jerusalém, Judéia e Samaria como até os confi ns da Terra. Devemos colocar as nossas armas de conquista em funcionamento para que tenhamos, neste século, o maior número de vidas salvas pelo sangue de Jesus Cristo.

A nossa Igreja está completando o seu centenário. Espero sinceramente que os nossos movimentos festivos alusivos ao nosso aniversário não sirvam apenas para ajuntamento de pessoas, mas, sim, para que haja uma conscientização do que é necessário para o nosso crescimento numérico, mas principalmente espiritual, e que a nossa Igreja seja sacudida pelo poder de Deus e despertada para as urgências que aqui foram tratadas. Este é o nosso tempo, o tempo em que o Senhor faz a revista no seu exército, visto que a batalha está renhida e os nossos soldados devem estar prontos para a guerra.

Maior é o que está conosco do que aquele que está com eles. Firme e avante – a sua obra terá uma recompensa. Amém!

José Antonio dos Santos é pastor, líder da Assembleia de Deus em Alagoas e da União de Ministros das ADs no Nordeste (Unemad), escritor e 5º vicepresidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).