Verdade e perseguição religiosa são as ênfases do segundo dia
O segundo dia do Congresso de Lausanne em Cape Town trouxe como ênfase a importância da verdade contra a tendência ao relativismo na sociedade contemporânea. O teólogo chinês Carver Yu reconheceu a pluralidade, mas combateu o pluralismo. Para ele, a primeira faz parte da cultura humana, mas o segundo é algo totalmente diferente. “O pluralismo é uma ideologia que proclama que a verdade é uma construção cultural válida somente para a cultura que a construiu”. Segundo Carver, “só podemos provar ao mundo a verdade por meio da transformação das nossas vidas”.
O teólogo alemão Michael Herbst lembrou que a verdade é uma pessoa. “Olhar para Jesus e buscar a verdade”, disse. Já o escritor Os Guiness ressaltou que o conteúdo da Bíblia parece indecente para o mundo moderno, mas se olharmos mais profundamente, ele é fundamental para este mundo. Os Guiness listou algumas razões pelas quais, em sua opinião, a verdade cristã é importante: honra ao Deus da verdade, equilibra emoção e razão, avança em favor da humanidade, fundamenta a proclamação da fé, combate a hipocrisia e o mal, e nos ajuda a crescer na transformação em Jesus Cristo.
O teólogo colombiano Harold Segura é um dos participantes latino-americanos no Congresso. Ele fez uma uma síntese da temática do dia:
Se analisarmos pelas declarações finais dos congressos, diriamos, então, que enquanto Lausanne I partiu da intencionalidade missionária do Deus Criador e Senhor do mundo (o primeiro capítulo do Pacto de Lausanne é ‘O Propósito de Deus’), Lausanne II partiu de uma série de afirmações chaves da fé evangélica (o Manifesto de Manila apresenta 21 afirmações, em sua maioria de caráter doutrinário), Lausanne III decidiu partir da defesa da verdade, diante de um diagnóstico absoluto de que o pluralismo, a secularização e o mundo globalizado são os males sobre os quais devemos responder. Ao que parece, a defesa da verdade é a proposta pastoral que pretende orientar nossa travessia missionária. Isso se não foi dito algo diferente nas mesas de diálogo ou nas sistematizações dos grupos pequenos”.
Estudo de Efésios
O dia começou com louvores em várias línguas e com o estudo do primeiro capítulo de Efésios. O expositor foi o teólogo de Sri Lanka, Ajith Fernando. Para ele, o texto bíblico mostra a natureza da salvação de Deus por nós. “Redenção, sangue, perdão e graça transbordante são novas expressões usadas por Paulo para falar sobre salvação”. Fernando afirmou que a salvação traz um conceito mais completo sobre Deus do que normalmente compreendemos. “Ver Cristo como alguém que supre as necessidades pessoais é um ponto inicial, mas não é só isso. Deus está marchando para a vitória final. Ele tem um plano, um propósito para o mundo. O Evangelho é mais profundo , mais rico e maior do que a ideia de Deus suprindo as necessidades imediatas”.
Nos grupos pequenos, os participantes puderam estudar de forma indutiva o texto exposto por Ajith Fernando. O pastor guatemalteco, German Hernany, disse que seu país não tem problemas com a liberdade de pregação do Evangelho, mas o maior obstáculo para isso é a falta de unidade da igreja. Já o pastor espanhol Estevan Muñoz disse que em seu país uma visão secularizada e a indiferença sobre Deus são os grandes desafios.
À tarde, os participantes puderam escolher vários seminários, com mais de um preletor cada, chamados “multiplex”. No multiplex sobre mídia e missões, os preletores destacaram a grande importância dos canais de comunicação cristãos na formação e na defesa da verdade no mundo hoje.
Deus movendo a igreja
A noite deste segundo dia de programação foi dedicada a uma visão panorâmica de como Deus está movendo a igreja no mundo, em especial em contextos de perseguição e violência religiosa. Documentários em vídeo informaram histórias de perseguição contra cristãos na Colômbia, na África Ocidental, no Oriente Médio, no Vietnã, no Uzbequistão, no Turquemenistão e no México. “Policiais vieram à igreja, esperando descobrir algo errado. Identificaram no conteúdo do sermão. Fui preso, mas pude compartilhar o evangelho na prisão. Trinta presos se converteram a Cristo”, disse, em vídeo, um pastor vietnamita.
Os congressistas oraram juntos pela situação da igreja na China. Muitos chineses que participariam do Congresso de Lausanne foram impedidos de sair do seu país.
Os 4.200 participantes se emocionaram com o testemunho ao vivo de uma jovem moça da Coréia do Norte. Seus pais foram perseguidos politicamente e a família teve que mudar para a China. O pai se converteu e se tornou missionário na Coréia do Norte. Por conta disso, morreu fuzilado pelo governo anos depois. Hoje, a filha mora na Coreia do Sul e está estudando para o vestibular. Quer lutar pelos direitos humanos em sua terra natal. O testemunho da jovem arrancou lágrimas e aplausos de mais de 3 minutos dos participantes.
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Evento discute rumos da Evangelização Mundial
Começou no domingo, 17 de outubro de 2010, na Cidade do Cabo, o Terceiro Congresso Lausanne sobre Evangelização Mundial. Ele reúne 4 mil participantes convidados de 197 países e chega a 90 países através do GlobalLink. O tema do congresso é “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo” (2 Coríntios 5:19) e o testemunho de Jesus Cristo e de todos os seus ensinamentos em todas as regiões do mundo e em todas as esferas da sociedade.
O Movimento Lausanne, fundado por Billy Graham, tem como único objetivo reunir evangélicos em um propósito comum. O Congresso reafirma as verdades bíblicas fundamentais do cristianismo e discute os temas críticos que a Igreja certamente enfrentará durante a próxima década. Esses temas foram identificados através de reflexões em todo o mundo.
O presidente do Movimento Lausanne, Doug Birdsall, afirmou: “Trabalhamos para envolver os líderes evangélicos de todos os continentes. Este é o primeiro Congresso da era digital com este perfil e oramos para que ele anuncie um novo momento para a Igreja”.
Nesta era da informação, será intenso o tráfego no site do Congresso em seus oito idiomas, e as emissoras de rádio transmitem programas para toda a África e para a América Latina sobre os temas discutidos.
O Congresso Lausanne sobre a Evangelização do Mundo de 1974 gerou o Pacto de Lausanne, amplamente reconhecido como o documento de maior importância na história recente da igreja. Ao refletir sobre isso, o Arcebispo Henry Orombi, presidente do Comitê Anfitrião na África declarou: “Submissos a Deus, o legado do Terceiro Congresso depende de nós!”. Neste congresso será gerado O Compromisso da Cidade do Cabo - uma declaração de fé e um chamado à ação. O Dr. Chris Wright, diretor da Lagham Partnership International, é o principal arquiteto desta nova declaração, um trabalho feito em parceria com teólogos respeitados de todos os continentes.
Cada um dos seis dias do Congresso se iniciará com o estudo de Efésios, liderado por pastores teólogos de todo o mundo. “Estudaremos Efésios como uma comunidade global”, afirmou Blair Carson, diretor do Congresso. “Queremos formar uma base para um novo movimento de comunicação do evangelho de Jesus Cristo”.
John Stott e Billy Graham enviaram suas saudações pessoais, comprometendo-se a orar diariamente. Atualmente, ambos estão mais fragilizados, entretanto, não perderam sua paixão por Cristo e por Seu evangelho. Ao refletir sobre as imensas mudanças que ocorrem no mundo, Billy Graham escreveu de sua casa na Carolina do Norte: “Uma das tarefas que terão durante o Cape Town 2010 será analisar essas mudanças e avaliar o impacto delas na missão para a qual Deus nos chama hoje”.
John Stott manifestou sua satisfação pessoal com o fato do Congresso ser realizado na África: “Minha oração é que vocês partilhem ricamente a bênção que Deus tem derramado sobre a Igreja neste continente assim como a dor e o sofrimento do seu povo ali”.
Os participantes do Congresso contam com apoio desses grandes homens.
http://www.creio.com.br/2008/noticias01.asp?noticia=10767
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