No que concerne às missões, é possível reverter o quadro.
A imprensa tem divulgado insistentemente a tentativa de ocultação de nepotismo, ou apadrinhamento de familiares nas casas legislativas, através da terceirização de serviços prestados àquelas casas. Funciona assim: a lei proíbe a concessão de cargos aos parentes dos legisladores. Então estes conseguem descumpri-la contratando empresas prestadoras de serviços pertencentes a eles mesmos ou ao parente que desejam nomear. Tornou-se notório o caso recente de um deputado que pagou por serviços de segurança pessoal a uma empresa dele próprio. A justificativa foi a de que, conhecendo seus funcionários, a empresa se tornava mais confiável.
A obra missionária vem sofrendo distorções semelhantes. Não propriamente com o propósito de ocultar o nepotismo, mas, o que é mais grave, para fazer circularem recursos missionários entre certas igrejas e grupos interessados em auferir vantagens financeiras com a obra. O funcionamento é semelhante ao exemplo acima citado. Repassam-se os recursos a terceiros, normalmente a uma agência, e estes recursos são enviados para onde ela determina. Inverte-se deste modo o projeto missionário que, em vez de pertencer à igreja, pertence à agência. A igreja apenas separa jovens, apresenta-os à agência, cabendo a esta prepará-los e enviá-los para onde lhe convém. Desse modo os recursos se desintegram a meio do caminho entre o ofertante e o missionário.
O conceito moderno de igreja-empresa empresta certa validade a estas práticas, pois são justificadas com o argumento de que os recursos devem ser empregados onde produzam retorno, entendendo-se por retorno não o ganho de almas, mas o montante maior de ofertas recebidas, em relação à “aplicação” feita.
Devemos atentar para as palavras de Pedro, que nos alerta quanto àqueles que “por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas... recebendo o galardão da injustiça; pois que tais homens têm prazer nos deleites cotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco” (2Pe 2.3,13).
A obra missionária não tem conseguido escapar a este fenômeno, cuja face oculta é a sucessão familiar, isto é, a passagem da igreja de pai para filho.
No que concerne às missões, é possível reverter o quadro, bastando tão somente eliminar os intermediários, isto é, a terceirização do “ide”, que cabe privativamente à Igreja.
Isto significa dizer que mesmo trabalhando com agências idôneas, e elas ainda existem, é a Igreja que deve determinar para onde vai, quanto vai custar e qual o período de treinamento e efetivo serviço dos que são enviados. Não agindo assim, descumpre a sua tarefa síntese, o “ide” de Jesus.
Pr. Paulo Ferreira
Foto: examinandoabiblia.blogspot.com
Infelizmente hoje missões tem sido vistas de uma forma totalmente diferente do que deveria ser.
ResponderExcluirMas como foi dito, cabe a nós mudarmos este quadro e juntos conseguiremos.
Paz.